A proposta era desenvolver uma coleção preocupada com os problemas sociais e naturais gerados pela industria da moda. Após algumas palestras que abordavam as etiquetas fair trade, materiais orgânicos, incentivos fiscais para empresas que se adaptassem a uma produção menos poluente preferimos focar nosso projeto no consumismo, que para nós seria a verdadeira causa do problema.
Em busca de mais referências teóricas para basear o projeto, encontramos um estudo da universidade de Cambridge chamado Well dressed?. O ponto de interrogação no título alertava para o consumo desenfreado de artigos de moda descartáveis a preços extremamente baixos, o que o estudo chama de fast fashion. A pesquisa atribui os problemas trabalhistas e ecológicos gerados pela industria da moda à produção de tendências instantâneas que induzem o consumidor a comprar artigos com o design do momento, que duram três semanas e custam até menos do que 1 libra esterlina ou 4 reais. A produção de peças tão baratas precisa de estruturas igualmente pouco custosas e essas geralmente envolvem trabalhos escravos em países pobres e formas de processamento pouco preocupadas com o meio ambiente.
Depois da pesquisa, decidimos que fazer uma coleção para ser consumida por mais uma temporada seria redundante para o tema e portanto decidimos montar uma exposição onde apresentamos a criatividade como solução para o problema da sustentabilidade na moda. A apresentação contou com um vídeo, uma sessão fotográfica e uma performance.
No vídeo, imagens de uma dia inteiro dentro de uma filial da Primark de Londres, a Meca do fast fashion onde roupas são pisoteadas pela multidão que se amontoa nas filas dos caixas de pagamento e levam consigo não menos que 4 sacolas cheias. Em meio às imagens, capas de revistas de moda ditam a ecotrend e em texto nossa ideia de que Sustain (sustentar) Ability (habilidade) é um processo (criativo), uma mudança no comportamento social.
Na sessão de fotos, sete mulheres de diferentes idades e origens foram convidadas para escolher um pedaço de pano e vesti-lo de duas maneiras diferentes. Nossa intenção era mostrar que com criatividade podemos multiplicar nosso guarda-roupa e diminuir nossas necessidade de consumo. Tivemos como base para essa sessão o Parangolé do artista brasileiro Hélio Oiticica que o conceito, acreditamos encaixar perfeitamente com nossa proposta. A performance foi uma tentativa de repetir a mesma experiência da sessão de fotos com nossa audiência durante a apresentação.